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BRINQUEDO E O BRINCAR – PARTE 2

Mas a gente cresce e para de brincar, sabe por quê? Simples, não conseguimos imaginar que o brinquedo cresceu também, e que ele aceita a nossa brincadeira. Imagina alguém de trinta anos soltando pipa, descendo uma ladeira no carrinho de rolimã, é possível, desde que ele entenda que o brinquedo o aceita como ele é, e ele terá que aceitar o brinquedo como ele também é,  essa troca tem uma importância muito bacana na vida de um adulto, nessa brincadeira que ele vai redesenhar a vida que poderá ser do seu filho, do sobrinho ou da criança que há nele.

Certa feita um menino adulto me disse que a primeira vez que tocou em outra criança foi na brincadeira de pega-pega no pátio da escola, era filho único, não tinha amigos, seus únicos modelos de seres eram seus pais, chegando em casa, exausto, dormiu e sonhou que estava abraçando seus amigos de sala. Já adulto descobriu que tinha uma doença chamada toque, aquela que a pessoa não gosta de ser tocada, mas ele não esquece que naquela noite abraçou muita gente.

Brincamos até quando não existe o brinquedo, com uma boa música, dançamos, batemos palmas e fazemos rodas . Quem passou pela infância sem dançar uma:

Ciranda, cirandinha,

Vamos todos cirandá,

Vamos dar a meia volta

Meia volta vamos dar.”


O trava língua que nos deu muito trabalho:

 “Se o papa papasse papa,

 Se o papa papasse pão.

O papa papava tudo

Seria o papa papão.”


Quem come cromo, come comida cromatizada,

Como come cromo?

Come cromo crú ou come cromo cozido?

Cromo com creme

Creme ao cromo

(tenho um trabalho de contação de histórias só com trava língua, sendo 30 de minha autoria).


Temos também o verso popular, cantigas de ninar, contos aumentativos e dizemos isso foi uma brincadeirinha, mesmo quando a piada foi sem graça.

Posso indicar escritores com José Paulo Paes e Pedro Bandeira.

Nasci no meio de uma grande brincadeira, onde as pessoas brincavam e rezavam, era a Festa do Divino, algo muito engraçado, as pessoas rezam, dançam, cantam e conversam, nesse interim nasce a amizade, a fé e a comunhão com o Divino.

Vindo para a cidade grande nada disso foi perdido, e sim transferido, comecei a brincar com carrinho de rolimãs e a jogar bolita, nessa modalidade era o campeão da quadra em que morava, apesar de que existiam apenas três casas, as disputas eram sérias, havia meninos e meninas com garrafa pet cheia de bolitas, eu morria de inveja, as minhas cabiam na palma minha mão.

Outra brincadeira que entrava na disputa era a de tampinhas de garrafa, quem conseguisse virar o maior numero de tampas ganhavam o jogo, essa era permitida jogar no pátio da escola Maestro Frederico Liberman, no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande.

Vivo ou morto, santo deus que era aquilo?

Passar anel, quanta graça neste jogo, o esconder o anel seria o esconde-esconde, a diferença esta no anel que se esconde na palma da mão. A criança precisa desenvolver essa agilidade, atenção e lateralidade.

O bairro ainda sem asfalto tinham muitas pedras soltas e a gente juntavam para disputar o jogo chamado cinco Marias, precisava ter rapidez e agilidade, desenvolvia a atenção, precisava contar até cinco, dividir cinco por dois, importante função para a prova de matemática.

Brincar com pipa, pandorga ou papagaio, dependendo da região muda de nome, dá para a criança o sentido de liberdade, de voar, de buscar o limite que é o céu, o barato da pipa é saber construir, fazer a rabiola, colocar alinha da cor preferida, e deixar que o vente leve sua imaginação para onde ele quiser, se a linha arrebentar vê-la indo embora, talvez nunca mais verás, terás que começar tudo de novo, construir outra e esperar um novo vento.
Ciro ferreira - escritor e contador de histórias- ministar oficinas de artes
contato email: paraciro@gmail.com

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